Na última CES, a Sony apresentou TVs LCD com Triluminous, painel de backlight que, segundo a empresa, oferece "cores ricas, autênticas, e excelente reprodução de vermelho e verde". Mais especificamente, esse painel inclui um componente óptico produzido pela empresa americana QD Vision, chamado Color IQ, que utilizaquantum dots para aumentar a luminosidade.
OK, mas o que são quantum dots? Trata-se de semicondutores de nanocristais, minúsculos pedaços de matéria com propriedades únicas, inclusive a capacidade de emitir luz em comprimentos de onda muito específicos. Algo como partículas que brilham em verde, vermelho ou azul dependendo do tamanho.
Comprimentos de onda específicos de luz são necessários em várias aplicações, e quanto mais específicos, melhor. Todos os TVs criam a imagem combinando as três cores primárias: vermelho, verde e azul (RGB). A Sharp é um dos fabricantes que acrescenta o amarelo como cor secundária, mas essa é uma característica do TV, não do conteúdo. A mistura RGB em quantidades variadas nos proporciona todas as cores possíveis no sistema de televisão atual.
Comparativo feito pela Sharp entre um TV comum, com as três cores primárias, e outra acrescentando subpixel amarelo. |
Todos os paineis LCD produzem cores a partir de filtros. Os plasmas o fazem através de camadas de fósforo que brilham na cor desejada, de modo similar aos tubos CRT. Os displays OLED podem usar os dois métodos, dependendo do fabricante. E o mesmo acontece com os quantum dots (QDs).
Um TV LED-LCD tradicional utiliza leds azuis revestidos por uma camada de fósforo amarelo para criar "luz branca". Embora esse método seja razoavelmente eficiente comparado às outras tecnologias, produz muito desperdício de energia. A cor laranja, por exemplo, não consegue passar pelos filtros de cor; por isso, vermelho e verde são combinados para criar o laranja.
Aqui, a comparação fornecida pela Sony, entre um TV com backlight Triluminous e outro convencional |
Os paineis Triluminous, da Sony, utilizam leds azuis, mas em vez de revesti-los com fósforo amarelo a luz azul dos leds passa pelo elemento óptico Color IQ, que contém quantum dots vermelhos e verdes. Assim, os leds azuis têm duas funções: criar a luz azul, mas também energizar os dots para emitir verde e vermelho. Cerca de dois terços da luz criada pelos leds azuis é usada para ativar os QDs.
Como os dots ajudam nas cores
Segundo a Sony, sua nova tecnologia de backlight permite uma gama de cores mais ampla (color gamut) que a dos TVs LCD que usam leds brancos. Na verdade, isso discutível: afinal, todos os TVs atuais são capazes de reproduzir todas as cores geradas em conteúdos HD. No entanto, os benefícios dessa inovação podem ir além do mero marketing. Testando projetores de led, descobrimos que as cores são mais realistas do que nos modelos que utilizam lâmpadas fluorescentes, incluindo os das tecnologias DLP e LCoS, esta uma variação do LCD. Segundo um engenheiro de televisão com quem conversei, "leds são como pintar usando uma tinta mais pura".
Há quem diga que a luz dos leds é como "uma tinta mais pura". |
Meu colega David Katzmaier, em seus testes, frequentemente percebe nos TVs de led um azul mais intenso do que, por exemplo, nos plasmas. "Nota-se mais nas áreas escuras, mas às vezes observo também em imagens claras e tons de pele", diz ele. "Em alguns casos, isso acontece mesmo quando nossos instrumentos de medição indicam cores excelentes".
Portanto, é possível que, ao se medir as cores de uma imagem em displays diferentes, aqueles do tipo QD produzam cores mais realistas. Esta primeira geração de QDs exige fonte de luz primária como a dos leds, mas poderemos ter também displays com backlight Full-QD, em que os dots são ativados diretamente. Que tal um painel de emissão direta, como OLED, não com diodos orgânicos mas subpixels feitos de QDs vermelhos, verdes e azuis?
A própria QD Vision chama essa solução de QLED, que teria performance similar à do OLED, inclusive taxa de contraste tendendo ao infinito. O problema hoje é saber se isso será fácil de fabricar, se oferecerá cores de fato melhores e se irá consumir menos energia. A esta altura, não sabemos. Considerando as dificuldades de produção que o OLED já apresenta, o simples fato de haver algo no horizonte que possa oferecer performance similar já é animador.
Fonte:Home Theater e Casa Digital
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