Milton Leite é categórico: “Não faço propaganda para o mercado das bets” (Crédito: Andressa Baldoni/Sport Insider)
Milton Leite está em movimento. Depois de deixar a Globo, onde construiu uma carreira lendária como narrador esportivo, ele agora respira novos ares. Mais leve, mais solto, mas ainda com a mesma voz firme e crítica. Milton assinou recentemente com a Xsports, canal exclusivamente esportivo da televisão aberta. E já chegou falando tudo o que pensa: "É um projeto que a gente acredita muito".
No Sport Insider, programa apresentado pelo jornalista Rodrigo Capelo em parceria com a N Sports, Milton Leite é o convidado desta terça-feira (9), às 18 horas, no YouTube do canal. Ele abre o jogo sobre os bastidores da profissão, os desafios enfrentados por narradoras mulheres, sua relação com os videogames e o mercado de apostas.
Sobre a nova geração de narradores, ele não poupa palavras: “Era uma profissão difícil de acessar. Hoje o número de narradores esportivos é muito maior, não é mais tão difícil, mas de bons narradores ainda estamos em falta”.
Milton lamenta também a falta de preparo e de leitura entre os mais jovens, principalmente para quem quer se tornar um narrador: “Conhecer o esporte, ter uma boa voz, ter uma cultura geral bacana, vocabulário, são fundamentais. Essa geração lê muito pouco e isso faz muita falta. Tem muito mais gente curiosa do que gente que se prepara para a profissão”.
Milton Leite é categórico: “Não faço propaganda para o mercado das bets” (Crédito: Andressa Baldoni/Sport Insider)
E critica a influência das redes sociais na qualidade das transmissões: “Hoje o narrador vai para a transmissão pensando no corte que vai render comentários na rede social. Isso tira a qualidade do que está no ar”.
O machismo nas transmissões também foi pauta. Milton reconheceu o estranhamento do público com vozes femininas no esporte, mas acredita na evolução. “O brasileiro médio é muito machista. Mas é claro que há um estranhamento com aquilo que é novidade. Elas precisam encontrar seus próprios caminhos. É uma questão de tempo para elas acharem um caminho próprio”.
Com mais de duas décadas de carreira, Milton também falou sobre sua experiência como narrador de videogame, uma conexão que começou em 1999, que ampliou seu alcance e que muita gente desconhece. “Foi aí que percebi que eu atingia dois públicos diferentes, o do jogo no videogame e o da televisão”, conta.
E sobre casas de apostas, assunto que toma conta do meio esportivo, ele é categórico: “Já tive sondagens, nada muito sério e muito profundo. Mas sempre fiz questão de deixar bem claro que eu não faço”.
Milton Leite segue narrando. Agora em nova casa, com mais liberdade, mas com o mesmo compromisso com o esporte e com a verdade. E isso, para quem acompanha sua trajetória, é música para os ouvidos.
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