
O Brasil está prestes a dar um salto tecnológico na forma como consome televisão aberta. O Governo Federal, por meio do Ministério das Comunicações, anunciou oficialmente o cronograma de implantação da TV 3.0 — uma nova geração de transmissão que promete integrar qualidade de imagem ultra HD, interatividade e conexão com a internet, tudo isso de forma gratuita para a população.
Durante o SET Expo 2025, realizado em São Paulo, o ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho, detalhou os próximos passos da transição. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve assinar o decreto que regulamenta a TV 3.0 no dia 27 de agosto, marcando o início oficial do processo.
A TV 3.0, também conhecida como DTV+, será baseada no padrão internacional ATSC 3.0. Isso significa que os brasileiros terão acesso a transmissões em 4K com áudio imersivo, além de recursos como múltiplas câmeras, enquetes ao vivo, publicidade personalizada e integração com aplicativos e serviços de streaming. Em vez de navegar por canais numéricos, os usuários poderão acessar conteúdos por meio de interfaces semelhantes às dos smartphones.
O cronograma será dividido em três etapas. A primeira, voltada para a preparação técnica, ocorrerá até agosto de 2026 e será focada nas grandes capitais. Em seguida, entre 2026 e 2030, a tecnologia será expandida para regiões metropolitanas, com produção de conversores e TVs compatíveis. Por fim, até 2040, o sinal digital atual será desligado gradualmente, consolidando a nova era da radiodifusão em todo o país.
Para viabilizar essa transformação, o governo estima um investimento entre R$ 9 bilhões e R$ 11 bilhões. Está em negociação uma linha de crédito internacional de US$ 100 milhões, além de estudos para oferecer subsídios a famílias de baixa renda, especialmente aquelas inscritas no Cadastro Único.
Um dos desafios apontados por especialistas é garantir que os canais abertos continuem visíveis nas Smart TVs, que muitas vezes priorizam plataformas de streaming. Representantes da Anatel e da Abert defendem medidas regulatórias para proteger a radiodifusão nacional e assegurar sua competitividade.
Com a adoção da TV 3.0, o Brasil se posiciona como pioneiro na América Latina e entre os países do BRICS. A expectativa é que essa nova tecnologia não apenas modernize a forma de assistir televisão, mas também democratize o acesso à informação, impulsione a indústria audiovisual e fortaleça a comunicação pública.
Para os cidadãos, a mudança será perceptível na experiência de uso. Será necessário adquirir um conversor compatível ou uma Smart TV com suporte à nova tecnologia. A promessa é de uma televisão mais interativa, personalizada e conectada — sem abrir mão da gratuidade e da abrangência que caracterizam a TV aberta brasileira.
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