Está para ser anunciada pela Anatel – responsável pela implementação da TV digital em território brasileiro- a decisão do grupo executivo de implementação de TV digital sobre as especificações técnicas do conversor de TV analógica para digital que será comprado para ser distribuído à população de baixa rende. A especificação técnica desta caixinha é de fundamental importância para a política industrial brasileira, pois pode viabilizar a tecnologia nacional. Afinal, serão comprados pelo menos 10 milhões de conversores, que terão que ser distribuídos para as famílias que integram o cadastro do Bolsa Família. Uma compra desta magnitude viabiliza qualquer projeto tecnológico.
Mas, conforme fontes da Abert, já foi tomada a decisão dentro do grupo sobre a característica técnica deste conversor: ele terá uma interatividade “pontual”. Ou seja, a TV não será mais o veículo que poderia permitir o acesso às informações de governo eletrônico ou mesmo informações públicas. A escolha do perfil técnico deste conversor se baseou no pleito das operadoras de celular – aquelas que irão pagar pela sua fabricação e distribuição – e das emissoras comerciais de TV, que não veem negócios nesta interatividade. Perderam a disputa as emissoras públicas, que defendiam com afinco a adoção de uma interatividade plena, para se caminhar no futuro para a TV 4D.
A aliança entre as operadoras de celular e as emissoras comerciais no Gired se baseou no volume de recursos que as empresas de telecom se comprometeram a alocar para financiar a transição da TV analógica para a digital. E é mesmo muito dinheiro (mais de R$ 3 ,6 bilhões), mas pouca verba para tanto a ser feito, já que o governo não irá colocar um tostão de recursos próprios para financiar a TV digital. Este dinheiro tem que comprar os conversores para os telespectadores de baixa renda, financiar a aquisição dos transmissores digitais das TVs abertas e ainda pagar as campanhas publicitárias sobre a transição. Por isto, a escolha do aparelho o mais barato possível.
E o país abandonará o projeto de TV digital interativa, a prevalecer esta decisão, um dos carro-chefes da decisão tomada pela presidente Dilma Rousseff em seu primeiro governo.
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