Saída de PVC da ESPN tem a ver com mudança nos rumos da emissora.



Para Maurício Stycer, analista de TV do UOL, é possível dizer que a perda da Liga dos Campeões da Europa pela ESPN está relacionada à saída de Paulo Vinicius Coelho (PVC) para o FOX Sports. Sem os jogos da Liga dos Campeões para comentar, ele entendeu que acompanhar a Taça Libertadores da América seria uma boa alternativa.

Todavia, a saída do comentarista chama a atenção para um problema aparentemente maior, relacionado à mudança no comando do canal. Em janeiro de 2012, José Trajano cedeu a direção de jornalismo, depois de 12 anos, a João Palomino, então narrador e apresentador.

Palomino lidera uma mudança na emissora que tem provocado mal-entendidos e insatisfação. Como ocorreu nos últimos anos em diferentes canais pagos, a ESPN Brasil enxergou a necessidade de readequar sua programação para atender a um novo público, cada vez maior, que tem aderido à TV Fechada.

A preocupação com a audiência dos programas e o custo dos projetos se tornou maior. Várias atrações tradicionais deixaram a grade nos últimos dois anos – “Pontapé Inicial” (apresentado por José Trajano), “Duetto” (com Paulo “Amigão” Soares e Antero Greco), “Segredos do Esporte” (Paulo Calçade e Fernando Meligeni), “Juca Entrevista” (Juca Kfouri).

Durante a Copa do Mundo, a audiência de atrações tradicionais, baseadas no formato de conversa entre colunistas e convidados e as “mesas-redondas”, foi excelente. Os bons resultados ajudaram a reforçar a ideia de que a emissora deveria concentrar seus esforços em programas ao vivo, deste padrão. O “Bate Bola” ganhou uma terceira edição, assim como o “SportsCenter”. O “Linha de Passe” passou a ir ao ar duas vezes por semana.

Depois da Copa, os programas “Loucos por Futebol” (com Paulo Vinicius Coelho, Marcelo Duarte e Celso Unzelte) e “Histórias do Esporte”, um dos mais premiados da casa, saíram da grade. Consta que PVC ficou chateado por não ter participado da reunião em que a equipe do “Loucos” foi comunicada do fim do programa, que estava na grade desde 2002.

Nesta nova fase, com bem menos programas, já houve dias em que a ESPN Brasil apresentou até quatro edições do “Bate Bola”. E situações em que o fim de um “Bate Bola” foi sucedido por outro “Bate Bola”. No final de agosto, um dos apresentadores do programa, Rodrigo Rodrigues, trocou a emissora pela Gazeta, em São Paulo.

Também em agosto, numa reunião com a equipe, Palomino apresentou dados e expôs o projeto de aumentar ainda a mais o número de horas ao vivo da ESPN.

O diretor de jornalismo prometeu que as reportagens especiais do “Histórias do Esporte” seriam encaixadas nos jornalísticos da grade. Foi nesta reunião que Trajano se manifestou publicamente, observando que o caminho seguido pela ESPN sinalizava que a emissora estava “perdendo a alma”. O constrangimento foi geral.

Para o analista, é dentro deste quadro que deve ser entendida a saída de Paulo Vinicius Coelho da ESPN. Ele já tinha recebido outras propostas para deixar a emissora, em outros momentos, mas não quis.

Ainda no UOL, o jornalista Luis Augusto Símon afirmou que "a saída de PVC é uma lição para os fãs de esporte: no jornalismo, como em tudo na vida, existe patrão e existe empregado. Se um empregado acha que não está sendo valorizado ou não está podendo expor suas ideias, ele pede demissão. Se o patrão não está gostando do que ou do modo como seu empregado se expressa, demite. Quem paga, demite. Quem recebe, pede demissão".

Por outro lado, Keila Jimenez na Folha de S. Paulo, informa que o FOX Sports oficializará na próxima semana a contratação de PVC e que a ESPN pode passar por corte de gastos até o final do ano. O canal perdeu para a Turner o seu principal evento esportivo, a Liga dos Campeões da Europa, que costuma trazer audiência e bons anunciantes.

Já Flávio Ricco, também no UOL, informa que todos os equipamentos que a ESPN tinha no estúdio do Rio de Janeiro foram transferidos para São Paulo.


Fonte:Esporte e Mídia

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