Depois de quase ser vendida ao grupo americano DirecTV, a operadora GVT – que surgiu em 1999, cobrindo apenas parte do estado do Paraná – tornou-se este ano a quarta maior do mercado brasileiro de TV por assinatura (na verdade, a quinta, se Net e Claro TV, que são do mesmo grupo, forem consideradas como empresas separadas).
Fundada pelos grupos Global Village Telecom (Holanda) e ComTech (EUA), a GVT começou a crescer mais forte a partir de 2009, quando foi adquirida pelo francês Vivendi. Inicialmente operando com telefonia fixa, pôde então disputar o concorrido segmento de TV por assinatura, sob o comando do executivo israelense Amos Genish. Em 2012, o Vivendi pediu US$ 7 bilhões para vender a GVT à americana DirecTV (também dona da Sky), e o negócio não saiu.
Hoje com quase 600 mil assinantes, segundo o mais recente levantamento da Anatel (válido até setembro), a empresa se estruturou para crescer gradativamente, e está mostrando isso na prática. Em agosto, iniciou sua operação na capital paulista, onde já possui uma extensa rede de fibra óptica. E em 2014 deve estrear no segmento de DTH, em parceria com a Echostar.
Segundo Ricardo Monteiro, diretor de marketing da GVT e responsável pela operação na cidade de São Paulo), um dos diferenciais da empresa foi opção pelas redes subterrâneas 100% de fibra óptica. “Nossa rede conecta uma cidade a outra e chega até os bairros, onde estão os acessos de distribuição”, explica Monteiro. “Geralmente, nessa última etapa as operadoras utilizam cabos de cobre. Nós optamos por fazer tudo com fibra”.
Nesta entrevista, o vice-presidente de marketing da GVT, Marco Lopes (foto), fala sobre o atual estágio da empresa e os desafios que tem pela frente nos segmentos de TV a cabo, satélite e banda larga.
P – Como funciona a parceria com a Echostar?
R – Anunciamos a joint-venture com a Echostar, mas ainda existe todo um processo de homologação e aprovação que devemos aguardar dos órgãos competentes (Anatel e Cade). No entanto, de antemão sabemos que trata-se de uma empresa sólida e que, assim como nós, está com vontade de crescer. A Echostar é proprietária da Dish, terceira maior operadora de TV por assinatura dos EUA, com 14 milhões de assinantes. Nós já temos 27% de participação de mercado nas cidades onde atuamos, sempre com pacotes HDTV. E estamos falando de apenas um ano e meio de entrada no mercado de televisão (são 13, se levar em consideração serviço de internet corporativo).
P – Como o grupo analisa as perspectivas do mercado brasileiro?
R – O Brasil tem uma característica peculiar. O mercado de TV paga, embora exista há um bom tempo, ainda possui um potencial de crescimento relevante, como mostram os números de crescimento do setor, e que pode ser muito bem explorado.
P – Como será a atuação no setor de DTH? É verdade que o satélite Echostar XV (ou 45oW) possui um ‘ponto de sombra’ na região Sul?
R – Não existe isso, o satélite está estrategicamente posicionado para o Brasil, e garantirá 100% de cobertura. Isso nos dá uma vantagem muito grande. Além disso, a Echostar está montando uma fábrica em Manaus, para produzir os decoders.
P – Especula-se que a Dish, por meio da Hughes Networks Systems, está com planos de ter dois novos satélites: um para banda Ku (para TV) e outro para Ka (banda larga)…
R – O que posso falar é que temos metas de crescimento e que estamos muito satisfeitos com a estratégia adotada e os resultado obtidos, o que inclui nossa entrada na cidade de São Paulo.
P – Com o lançamento no Brasil do Slingbox e de outros receptores multimídia (como o Hopper, da Dish) no mercado americano, como serão os futuros decoders da GVT?
R – Queremos ser reconhecidos como uma empresa de entretenimento e conteúdo, não apenas mais uma empresa de telecom. E isso passa por dar opções para nossos clientes, seja com a criação de um portal de música e shows, o GVT Music, ou com serviços que permitem o uso de qualquer dispositivo (tablets, smartphones e notebooks) para acessar nosso conteúdo. O portal PMC (Power Music Club), por exemplo, mensalmente tem 5 milhões de streamings de shows e músicas, feitos pelos nossos assinantes.
P – Por que a GVT está entrando na capital paulista bairro a bairro, e não de uma vez só na cidade inteira?
R – Adotamos essa estratégia porque queremos manter a qualidade do serviço. Nossa rede é 100% fibra óptica, e nos novos bairros chega, no máximo, a 200 metros da residência do assinante (depois vai por cobre, cabo coaxial). Isso garante o mínimo de perda de sinal e nos propicia oferecer planos de internet com velocidade mínima de 25 Mbps, além de plataformas avançadas de TV via IP (para pacotes a partir de 100 Mbps, caso haja queda do sinal do satélite a TV segue funcionando). Nossa estrutura de atendimento mantém mais de 5 mil colaboradores próprios, são 100% GVT. Hoje, estamos em Santo Amaro, Tatuapé e Santana; o próximo bairro a ser atendido será Pinheiros.
P – Quais são os critérios para definir esses bairros? E quantos assinantes já estão cadastrados na cidade?
R – Não divulgamos números, mas o próprio acesso das pessoas ao nosso site querendo se tornar assinante nos serve de base para direcionar os investimentos para uma ou outra região. Estamos trabalhando para contemplar a cidade toda, mas não há uma data definida para atingir esse objetivo. Isso também depende de uma série de licenças, envolve quebra de calçamento (os cabos são subterrâneos), incômodo aos moradores da região, infraestrutura local. Escolhemos esse modelo de negócio porque não é copiável em curto prazo.
© 2013 TV POR ASSINATURA.
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